Manejo integrado de plantas daninhas

Elas ocorrem em locais onde não são desejáveis.
Edivaldo Domingues Velini
Diretor da Faculdade de
Ciências Agronômicas UNESP
Podem modificar de várias maneiras o crescimento das culturas. Interferência é todo o conjunto de efeitos das plantas daninhas sobre as plantas cultivadas. 
Em geral, a principal componente da matointerferência é a matocompetição. Muitas vezes, o termo matocompetição é indevidamente utilizado para designar o conjunto total de efeitos de plantas daninhas sobre plantas cultivadas. 
Além da competição, outras componentes da matointerferência que merecem destaque são alelopatia, aumento de potencial de inóculo de pragas e doenças, dificuldade na execução de tratos culturais e, especificamente para florestamentos, aumento no risco de incêndios. 
Há dois outros aspectos relacionados às plantas daninhas que não podem ser esquecidos. O primeiro é o aumento do custo de produção. Em florestamentos, são comuns custos de controle entre R$ 300 e R$ 500/ha/ano, mas há situações em que os valores são muito superiores a esses, com impacto direto no custo de produção da madeira.
O segundo aspecto refere-se ao potencial dano dos próprios métodos de controle sobre as espécies cultivadas. 
Afinal, plantas daninhas também são plantas, e é muito difícil desenvolver métodos que sejam muito efetivos no controle de um amplo conjunto de espécies indesejáveis, sem que ocorra qualquer efeito na espécie cultivada. Qualquer método de controle de plantas daninhas (químico, mecânico ou mesmo o manual) apresenta riscos para a cultura.
Ao longo de sua evolução, as plantas daninhas desenvolveram uma série de características que as tornaram extremamente aptas à colonização de áreas ocupadas, com os mais diversos tipos de culturas, incluindo florestamentos, destacando-se: a elevada capacidade de reprodução (inclui a produção de muitas sementes e a presença de propagação vegetativa); a dispersão das sementes, que também são longevas e apresentam longos períodos de dormência no solo; a rusticidade; e, principalmente, a capacidade de resistir aos métodos de controle. 
Em termos de métodos de controle, o principal existente é a própria planta cultivada. Os demais métodos são fundamentais apenas enquanto a cultura não consegue controlar por si só o mato. 
Quanto mais uniforme e vigorosa a cultura, mais rapidamente ela ocupará o ambiente e dispensará o uso de outras práticas de controle. Implantar bem a cultura é o melhor investimento possível em termos de manejo de plantas daninhas. 
A cobertura do solo também tem grande potencial de controle de plantas daninhas, tanto pela produção de compostos alelopáticos, quanto pela criação de condições desfavoráveis à germinação (em termos de luz e variação das temperaturas, principalmente). 
O manejo integrado consiste em adotar os vários métodos de controle, de maneira segura para a cultura e para o ambiente, com o objetivo de manter as populações alvo abaixo do nível de dano econômico. 
No caso de plantas daninhas, o nível de dano econômico normalmente está associado à quantidade de biomassa acumulada por unidade de área e não ao número de indivíduos. 
O manejo integrado de plantas daninhas fundamenta-se: 
• na correta identificação das espécies alvo; 
• no planejamento das ações e na realização segundo o que foi planejado;
• na avaliação dos resultados; 
• na tomada de decisões fundamentadas em informações; 
• no aumento e na preservação da capacidade de controle da cultura e do meio (incluindo a cobertura do solo); 
• no uso de métodos de controle seguros para a cultura e para o ambiente;
• na combinação dos métodos de controle, reduzindo a dependência e aumentando o período de utilização de cada um deles;
• em manter as densidades populacionais em níveis manejáveis; 
• em evitar o aumento da diversidade genética das comunidades de plantas daninhas, fugindo à seleção ou introdução de espécies ou genótipos de difícil controle, com destaque para os biótipos resistentes a herbicidas; 
• em considerar, além dos efeitos imediatos dos métodos de controle, os seus efeitos ao longo de ciclos de produção;
Conclui-se que o manejo de plantas daninhas é uma atividade altamente complexa, sem espaço para o improviso e que demanda pessoal altamente qualificado, tanto para a tomada de decisões, quanto para a realização das operações, sob o risco de ocorrerem importantes reduções de crescimento, produtividade e lucratividade da cultura.
Fonte: revistaopinioes.com.br

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